quarta-feira, 10 de maio de 2017

"Montijo... uma maçada de 3 horas."


Foi com alguma expectativa que me desloquei ao Montijo no domingo passado, porque o cartel anunciado tinha sobejos motivos de de interesse. Primeiro para observar o desempenho dos cavaleiros perante os de Sommer, um curro com presença e que quase certo não iria conceder  facilidades. Depois como iriam os Grupos de Forcados resolver a papeleta? Por outro lado, os toiros que ultimamente tenho visto lidar com o ferro e divisa do ganadero de Fontalva, têm destapado mais génio e casta, que propriamente que bravura. No entento quando a destapam proporcionam aos artistas "êxitos de lei" e o agrado do publico. Nesta tarde do Montijo saíram com as piores das intenções - mansos, bruscos, com génio e até por vezes tapando a saída ás montadas, ao adiantarem-se. A Rui Salvador e Marcos Bastinhas tocou-lhes em sorteio estes "rebuçados". Já o lote de Rouxinol jr , também não sendo bom, caso do primeiro do seu lote, que o avisou com alguns toques, mas que também não intimidaram o jovem toureiro de Pegões, teve no entanto a "taluda" no ultimo do espectáculo, um toiro que se deixou e ao qual Rouxinol jr soube aproveitar, mostrando saber andar com ele e não se fez rogado para o êxito da tarde. Rui Salvador cavaleiro "quajado", ultrapassando já as três décadas de alternativa, e rodado com todo o tipo de toiros, esteve bem por cima dos seus dois " morcões" , não se entendendo a recusa do sr. director de corrida Pedro Reinhart em conceder mais um ferro ao cavaleiro de Tomar, quando o publico unanimemente o pedia ao cavaleiro de Tomar... penso que o sr. Reinhart (porque já não é a primeira vez) deverá continuar a dirigir, não espectáculos tauromáquicos, mas corridas de caracóis, arte e desporto deveras apreciado em Marrocos. Emigre! Marcos Bastinhas  também com dois "mal intencionados" por diante em especial o quinto da tarde e segundo do seu lote, mostrou que todos os toiros têm a sua lide. Não abdicando do seu toureio de valor, atacou com decisão os seus oponentes e como sempre houve emoção e poder em cada ferro do cavaleiro, em duas lides de oficio, as indicadas para estes toiros. No quinto da tarde Marcos Bastinhas logo de saída atacou-o obrigando-o a investir coisa que foi rapidamente escasseando no hastado, dando por finda a lide em plano de destaque tal como Rui Salvador já o fizera. No entanto o publico quis o para de bandarilhas e o cavaleiro cedeu, mostrando honestidade profissional e respeito perante a assistência. Arriscou (como sempre) e por terrenos de dentro, junto aos chiqueiros, tentou o par, mas o toiro não o deixou. Com uma investida brusca de manso surgiu a colhida. que em nada afectou o desempenho do toureiro, com o publico a tributar-lhe a ovação merecida. São corridas como estas e toureiros como Salvador, Bastinhas e Rouxinol jr , que marcam a grande diferença, dos outros, que apenas lidam os nhoc nhoc murubenhos e não "desafinam a orquestra", fazendo levantar muitos pontos de interrogação em relação ao seu reportório toureiro. Não peço apenas este tipo de toiro para o espectáculo taurino (mansos não servem a ninguém). Peço o toiro com seriedade, que invista, que imponha o respeito tanto na arena como nas bancadas, porque só assim vale a pena abrir os cordões á bolsa "dos parcos € e ir aos toiros". Quanto aos Grupos de Forcados da Tertulia Tauromáquica do Montijo estão de parabéns. Quando muitos vaticinavam uma "tragédia" ambas as formações montigenses com entrega e valentia concretizaram rijas pegas. Quanto a publico meia casa. Apenas só mais um reparo á direcção de corridas: agora o jogo de cabrestos tem só 4 exemplares? Três horitas de espectáculos. Olé!

                                                                                               Luís Sousa