A tourada da Terrugem do passado dia 6 de Agosto, não parecia começar sob os melhores auspícios. A dez minutos do início do espectáculo, pouco público a preencher as bancadas desta praça sempre difícil nos últimos anos, que o digam o Carlos Calado, Francisco Leitão e Henrique Gil. Para uma praça de 3º categoria é difícil cartéis de grande nomeada mas, por vezes é mais a imaginação que os nomes sonantes que leva o público à praça. Não se pode dizer que este era o cartel mais imaginativo, mas concerteza, aquele que a empresa quis ou pôde montar neste mês de Agosto. Mesmo assim julgo que, da bilheteira, saíram bilhetes para meia casa forte de pagantes. O curro da divisa do meu Amigo, José Luís Sommer, estava de apresentação digno de uma praça de terceira mas, já quanto ao comportamento foi algo irregular. Houve na minha perspectiva dois touros que pareciam ter problemas de visão; um que se colocava pela frente mas, também faltou recursos aos cavaleiros para se colocarem de frente e atacarem os hastados, não abrir-lhes demasiado os quarteios ensinando-lhes o caminho para se colocarem pela frente. Dos seis protagonistas deste cartel, o espectáculo teve algum interesse com as actuações no feminino. Confesso que nunca tinha visto Cláudia Almeida tourear. Surpreendeu-me pelo desembaraço, sentido de chegar ao público e teve a actuação mais vibrante. Terá contudo de pausar mais o seu toureio, porque este é para se fazer templado, ajustado e consentido nas reuniões. Somos pródigos em adjectivar e, como tal, Mara Pimenta era anunciada como a “Princesa das Arenas”. Isto do toureio não é um conto de fadas, com príncipes e princesas. No toureio é necessário justificar ao longo dos anos os rótulos que se queiram colocar. Mara é uma figura simpática que cativa o público. Nota-se no entanto que anda a navegar entre duas águas: a ortodoxia do toureio e a influência do seu “maestro” de Puebla del Rio. Diego Ventura pode ensinar-lhe muito nos períodos que trabalha sob a sua orientação mas, cada toureiro tem que ter a sua personalidade. Teve alguns momentos mais conseguido, mas não foi uma actuação rematada da “Princesa das Arenas”. Mas voltando aos cavaleiros que actuaram, Francisco Cortes teve pela frente um touro complicado e, da sua empenhada actuação, colocando a sua integridade física em jogo, ficou-nos para recordar aquele ferro por dentro em terrenos de grande compromisso. De Pedro Salvador a entrega e facilidade de chegar ao público mas uma lide pouco estruturada. O mesmo há a dizer de Tiago Carreiras que apontou mas não disparou. Foi uma lide irregular com toques na montada, sem conseguir grande brilhantismo, Quanto a António D’Almeida baseou o seu toureio nas batidas ao piton de fora, retirando muitas vezes o touro da jurisdição. Depois de muito insistir lá deixou um ou outro ferro mais conseguido. E foi assim quando caminhávamos para o aborrecimento numa noite de verão que surgiu então o Toureio no Feminino… Quanto à rapaziada da jaqueta das ramagens, todos eles de grupos alentejanos, pois são estes que levam gente às praças nesta região, pegaram pelos Amadores de Arronches, Fábio Mileu à 3ª tentativa e João Rosa à segunda. Pelos Académicos de Elvas, João Bandeira à primeira e André Bandeiras à primeira, que venceu o prémio em disputa. O grupo do Redondo à 4ª tentativa pegou Hugo Figueira em dobra a Joaquim Ramalho e Luís Feiteirona ao segundo intento. Dirigiu sem problemas Marco Gomes, assessorado pelo Dr. Guerra, uma tourada que decorreu em bom ritmo e como uma arena pesada, em especial para os forcados. (Fernando Marques)