quarta-feira, 17 de agosto de 2016

"A CORRIDA DO EMIGRANTE: DE TODO O MUNDO APLAUDIRAM OS TOUREIROS EM CALDAS DA RAINHA..."


Não adianta virem os anti-taurinos gritar para as portas das praças quando a proporção é de 1 para 150. E isso aconteceu, de novo, em Caldas da Rainha. Os emigrantes, um pouco de todo o Mundo, decidiram ir aos toiros a Caldas da Rainha no 15 de Agosto e o escriba, despejado no meio desta gente de trabalho e que adora o seu País e as suas tradições, teve dificuldade em concentrar-se no essencial mas sempre foi tirando notas dos comentários que os companheiros de fila e os que circundavam iam debitando. E a grande conclusão a tirar é de que muitos dos toiros lidados eram demasiado «contemplativos». E como o povo costuma ser sábio nas suas apreciações, vou dar-lhes razão em parte daquilo que fui ouvindo ao longo da longa tarde. Os toiros de Brito Paes, de boa apresentação e alguns de desenvolvidas cornamentas, eram novilhos, marcados com o 3 na espádua da mão direita (podiam ter já os 4 anos cumpridos mas como não temos acesso às datas de nascimento….). Depois o segundo de Fernandes eram mais sonso que mansote, mas o ganadeiro a convite do cavaleiro e posterior anuência do director, deu volta). Compreenderia pela apresentação do curro mas apenas gostei do que abriu praça. O quinto era bastante distraído e o que saíu em último lugar eram declaradamente manso. Vários deles, a partir do terceiro da ordem, foram demasiado contemplativos para utilizar a expressão de uma senhora que estava perto de mim: ou seja, paravam, olhavam para todos os lados, por vezes vinham até perto das tábuas mas investir com raça e codícia… As actuações dos 3 cavaleiros em praça, Rui Fernandes, João Ribeiro Telles e Jacobo Botero foram muito idênticas. Rui Fernandes aproveitou a qualidade do que abriu praça e esteve em bom plano. Destaque para dois curtos de boa nota, um deles rematado com duas piruetas. No quarto da ordem foi em crescendo com os três últimos curtos a serem de boa nota. Andou bem na brega em ambos. Jacobo Botero lidou segundo e quinto por tourear à noite noutra praça. Cumpriu a papeleta na seu primeiro e melhorou consideravelmente no segundo. João Ribeiro Telles foi de intermitências no seu primeiro, numa actuação abaixo das suas possibilidades. No sexto da ordem esteve em melhor plano com a ferragem curta, dois de muito boa nota, e rematando com um de violino e um de palmo. O amador Joaquim Brito Paes mostrou maneiras, preocupado na brega e nos remates da ferragem, porfiando e conseguindo três ferros de muito boa nota. Uma lufada de ar fresco. Os Amadores de Santarém pegaram os seus quatro exemplares por intermédio de Luís Sepúlveda à 4ª tentativa, Ruben Giovetty à primeira, Francisco Graciosa numa rija intervenção à primeira tal como António Lopo de Carvalho. Pelos Amadores de Caldas da Rainha foram caras Francisco Mascarenhas à segunda a dobrar José Maria Abreu que se lesionou na única tentativa que efectuou, seguindo Francisco Rebelo de Andrade à segunda e António Cunha numa rija cara à primeira. Dirigiu sem grande critério Francisco Calado (na música, na volta do ganadeiro e ao não permitir a volta ao forcado Francisco Mascarenhas), assessorado pelo veterinário José Luís Cruz com praça quase cheia.
                                                               (in barreiradesombra - António Lúcio)